No primeiro capítulo “Os professores diante do saber: esboço de uma problemática do saber docente”, o autor apresenta algumas tentativas de interpretação do problema da diversidade, propondo um modelo de análise baseado na origem social dos saberes dos professores. O tema da diversidade do saber dos professores concretiza a idéia da natureza social desse saber. Os diversos saberes e o saber-fazer dos professores não se originam neles mesmos e nem no seu trabalho cotidiano, mas sim possuem uma origem social
patente.
O segundo capítulo do livro e trata das questões de ordem da transformação que ocorre com a identidade profissional do professor ao longo dos anos. Os anos de profissão mudam a identidade profissional, assim como, a maneira de trabalhar. Nesse sentido, Tardif compactua com Schön, quando aponta que as aprendizagens profissionais são temporais e, que à medida que o tempo passa, novas ações surgem a partir das experiências interiorizadas e reavaliadas. Tem-se o social como ferramenta de construção do profissionalismo docente.
O terceiro capítulo, intitulado de “O trabalho docente, a pedagógica e o ensino – interações humanas, tecnologias e dilemas”, faz uma tentativa de situar a questão do saber no campo do estudo do trabalho docente, de suas características e condicionantes objetivos.
“[...] embora os professores utilizem diferentes saberes, essa utilização se dá em função do seu trabalho e das situações, condicionamentos e recursos ligados a esse trabalho. [...] as relações dos professores com os saberes nunca são relações estritamente cognitivas: são relações mediadas pelo trabalho que lhes fornece princípios para enfrentar e solucionar situações cotidianas. (TARDIF, 2002, p. 17)
A segunda parte de obra discussão sobre o saber dos professores para um plano mais
teórico. O texto apresenta uma reflexão epistemológica e crítica sobre a própria noção de saber dos professores‟.
Nos três últimos capítulos ( capítulo seis “Os professores enquanto sujeitos do conhecimento”, do capítulo sete “Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários” e do capítulo oito “Ambigüidade do Saber docente”.) O autor discute os trabalhos de pesquisa (dos professores universitários), juntamente com o trabalho do professor (professor de ofício). Tardif é enfático ao apontar que não se pode mais cindir o trabalho do professor da pessoa do professor. Neste sentido, as universidades, que representam os grandes centros de pesquisa, precisam considerar o professor como
o principal agente do sistema escolar. É nos ombros do professor que se encontra a estrutura responsável pela missão educativa. Portanto, é imprescindível que as pesquisas científicas de educação considerem o saber-fazer dos professores.
“O prático reflexivo é o próprio modelo do profissional de alto nível, capaz de lidar com situações relativamente indeterminadas, flutuantes, contingentes, e de negociar com elas, criando soluções novas e idéias. Em relação ao prático reflexivo, o universitário é sobre tudo um colaborador e também deve ser um prático experiente.” (TARDIF, 2002, p.302)
A obra do autor canadense Maurice Tardif é de fundamental importância para os estudantes universitários dos cursos de formação de professores e pedagogos. É também recomendado para os professores de profissão, conforme denominação do próprio autor aos professores de Ensino Fundamental e Médio, e igualmente importante para professores universitários, como apoio para rever suas linhas de pesquisa e atuar na formação continuada dos professores com o envolvimento e a colaboração dos atores da prática cotidiana escolar.
Maíra Nobre
Pedagoga IFCE Campus Aracati
Professora Faculdade Vale do Jaguaribe
Refenciais
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2002.
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